O alemão aprimorou a impressão e revolucionou a história da informação
Em meados de 1455, o ourives alemão Johannes Gutenberg realizou
seu grande sonho. Após anos de pesquisas e trabalho duro, pegou nas mãos
seu trunfo em forma de livro, impresso com uma técnica inédita e
infalível: a prensa de tipos móveis. A técnica de impressão com moldes
não era novidade – já tinha sido iniciada havia 14 séculos na China por
meio da impressão de gravuras. Mas, agora, com a criação de Gutenberg,
que moldara os tipos em um material bem mais resistente e durável que os
usados pelos chineses, ela ficava muito mais eficaz e rápida. A
impressão em massa, possibilitada a partir daí, transformaria a cultura
ocidental para sempre.
Antes dela, cada cópia de livro exigia um escriba – que escrevia tudo
a mão, página por página. Em 1424, por exemplo, a Universidade de
Cambridge, no Reino Unido, possuía apenas 122 livros – e o preço de cada
um era equivalente ao de uma fazenda ou vinícola. Gutenberg conseguiu,
com seu invento, suprir a crescente necessidade por conhecimento da
Europa rumo ao Renascimento. A partir do feito, a informação escrita
deixou de ser exclusividade dos nobres e do clero. Até 1489, já havia
prensas como a dele na Itália, França, Espanha, Holanda, Inglaterra e
Dinamarca. Em 1500, cerca de 15 milhões de livros já haviam sido
impressos.
Trabalho manual
A invenção do alemão mudou a história dos livros
1. Os Tipos
A impressão já existia na China. Mas os tipos eram talhados em
madeira – e não possibilitavam o uso de tanta pressão para marcar bem o
papel. A prensa de Gutenberg tinha placas de metal duro que serviam de
molde para fundir quantos caracteres fossem necessários.
2. A composição
Nessa etapa, os caracteres eram juntados em páginas – uma forma com
moldura de madeira, onde já havia retas que garantiam o alinhamento. As
condições de trabalho do compositor eram cansativas – ele ficava o tempo
todo sentado, com pouca mobilidade.
3. A tinta
A tinta que existia, à base de água, não oferecia boa aderência na
hora da prensagem. Gutenberg usou uma tinta à base de óleo de linhaça e
negro-de-fumo – que marcava bem o papel e não borrava. Ela era aplicada
aos tipos móveis após ser impregnada em uma trouxa de pano.
4. A impressão
A forma ficava sobre uma pedra de mármore. O papel era colocado sobre
os caracteres e emoldurado por madeira. A prensa, abaixo, era
movimentada com uma barra, que movia a rosca. Na outra ponta, um prato
de platina pressionava a folha nos caracteres.
5. O prelo
Como o prato de platina era pequeno, duas metades da mesma página
eram impressas separadamente. O prelo descia duas vezes para imprimir
cada página. Uma folha de feltro era colocada entre a página a ser
impressa e a platina para melhorar o resultado.
6. O produto
O papel foi fundamental para a impressão dar certo. Antes dele, só o
pergaminho e o velino proporcionavam boa absorção da tinta. Eles, porém,
eram caros. O papel já vinha da China através da Arábia havia 200 anos,
mas foi só no século 15 que seu uso se generalizou.
7. O criador
Ao contrário de sua invenção, o sucesso para Gutenberg durou pouco. Já
em 1455, o inventor teve de pagar dívidas a Johann Fust, que se tornara
seu sócio-investidor. Como a quantia era altíssima, Gutenberg pagou com a
própria gráfica e metade da produção das Bíblias impressas.
Santo livro
Quase 200 Bíblias foram os primeiros livros impressos
Logo na primeira remessa, acredita-se que tenham sido feitas cerca de
135 Bíblias de papel e 45 de velino (papel de couro de vitela).
Impressas em latim e com letras góticas – imitando a escrita –, suas
páginas tinham 42 linhas divididas em duas colunas. Algumas contavam com
traços decorativos feitos a mão. Devido à grossura dos exemplares – até
1300 páginas –, cada Bíblia tinha dois volumes. De todas elas, 48
sobrevivem até hoje em museus de diversos países. Antes delas, Gutenberg
imprimiu algumas páginas soltas para testar sua invenção.
Fonte:
http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/prensa-gutenberg-435887.shtml